
um passeio pela arquitetura
Que Santos é uma cidade turística, calma, ideal para descansar e também para se viver muitos já sabem. Agora, o quanto você conhece da estrutura da nossa cidade? Santos também é uma cidade rica em estilos e fases diferentes da arquitetura e tudo, obviamente, foi ditado pela evolução da cidade.
A cidade se destaca por ter um ar bem vanguardista em sua arquitetura. O panorama arquitetônico da cidade é contemplado por construções que vão do barroco do séc 16 (como as igrejas Nss Sra do Monte Serrat e do Valongo), período Belas Artes, o Estilo Luís XV até o modernismo orgânico, chegando no séc 20.
Segundo o arquiteto e professor Alessandro Lopes a estrutura mais antiga particular completará ano que vem 200 anos. Ela já foi conhecida como Palacete de Mauá, entre outros nomes e, embora tenha passado por várias reformas, pouca coisa foi mudada, mantendo suas linhas arquitetônicas. Já serviu de morada de Antonio Vieira de Carvalho, governador da Fortaleza de Itapema. O local também foi cenário do casamento de uma das filhas do governador, Ana Zeferina Vieira de Carvalho com Barnabé Francisco Vaz de Carvalhais. A casa mantém o antigo aspecto de solar com pátio de um largo interno, com sacadas e grandes janelas. Segundo Alessandro Lopes, a construção foi feita assim por conta do calor que já fazia na cidade desde aquela época. Uma outra curiosidade sobre esse local é que no fundos dele havia uma “caixa forte” do tamanho de um quarto, todo revestido de aço e a prova de balas, onde também já funcionou o Banco Mauá.
Por conta de sua composição (o solo de Santos é considerado o segundo pior do mundo), o aumento do crescimento imobiliário e fundações rasas que não respeitaram o limite de 10 andares, fizeram surgir as famosas inclinações em boa parte dos prédios da orla. Porém o “efeito dominó” temido por muitos moradores foi contido no começo dos anos 2000, quando essas construções começaram a ser monitoradas constantemente.
Uma personalidade que também deixou sua marca na cidade foi o empresário Artacho Jurado. Apesar de desenhar edificações e até mesmo possuir uma construtora, ele não era arquiteto e mal tinha formação acadêmica. Porém, era um idealizador, muito criativo para sua época, e contratou um arquiteto para concluir suas idéias. Mesmo sendo paulista, três de seus principais prédios se encontram na cidade e são conhecidos por suas modernidades e similaridades: os Edifícios Verde Mar, Nosso Verde Mar e Enseada.
Por ser uma cidade portuária, Santos recebeu muitos imigrantes, o que fica evidenciado por diversos estilos da arquitetura. E, embora nem sempre seja dada a devida importância, a cidade é bem conhecida por sua riqueza arquitetônica com estruturas originais com pouca ou quase nenhuma intervenção, oferecendo um grande museu de arte a céu aberto.
Conhecida mundialmente como o “berço das bandas de garagem”, Santos atraiu uma legião de bandas ávidas pelo cenário musical que se expandia. Durante a década de 90, o hardcore e a música alternativa cresceram devida a popularidade de esportes como o skate e o surf, que tinham como plano de fundo o gênero musical. Infelizmente, o cenário atual se mostra bem diferente. ‘’Antigamente todo fim de semana havia de quatro a cinco shows ou eventos para bandas de garagem. Agora tem-se apenas um show por mês, quando tem.‘’, explica Marcel Caldeira, colunista do Blog N Roll de A Tribuna .
Segundo Marcel, hoje em dia existem cerca de 15 bandas de garagem em atividade, mas que fazem excelente trabalho. Algumas já fazem turnês até fora do país, como a Bayside Kings (América do Sul) e a banda Surra, que tocou em alguns países da Europa. São fortes candidatas a colocarem a cidade de Santos novamente na história da cena underground brasileira. Além delas, despontam bandas como Mistanásia, Zerão, Fuerza, Zebra Zebra e Analisando Sara.
O cenário underground santista mudou bastante nos últimos anos, uma vez que não há tantos incentivos para o fomento da música local, em especial o hardcore (o principal estilo das bandas de garagem).As casas de shows que dão espaço para novas bandas são poucas e com público limitado. O Torto, famoso bar da cidade e berço de músicos, fechou suas portas e os poucos locais que restaram ainda não conseguem suprir os saudosos da época em que o país conheceu bandas como o Charlie Brown Jr que levava o espírito santista em suas músicas.
Por outro lado, Praia Grande e Cubatão estão com um circuito de shows com bandas como Mar Morto e Coronhada despontando. Diversos grupos, tanto da região como de fora, organizam shows nessas duas cidades e vem tendo retorno de público.
Mas afinal, o que faz essas bandas diferenciadas dos grupos do mainstream? ‘’Gosto muito de ouvir uma banda undeground, não tão famosa, pois sei que ela terá muita qualidade e conteúdo para repassar aos fãs. Uma experiência única.”, completa Marcel.
Assim como a maré, a música de garagem santista apresenta altas e baixas. Entretanto, a música jovem não perde seu espírito alternativo.
cidade conectada
Takes:
1. O professor Allan Degásperi;
2. Vereador Kenny Mendes;
3. O bucólico da noite no centro histórico;
4. Os canais que auxiliam no processo de manutenção ambiental e no direcionamento dos moradores;
5. Os jardins da praia que compõem o Guiness Book;
6. Detalhes da arquitetura histórica.
O CENÁRIO UNDERGROUND E AS BANDAS DE GARAGEM SANTISTAS
A cidade de Santos sempre foi notada por motivos relacionados ao porto, mas desta vez o destaque é outro. Recentemente o município foi listado, segundo uma empresa especializada em pesquisa comportamental e análise de dados estatísticos, como a décima segunda cidade mais conectada do Brasil. O levantamento aponta que Santos caminha para se tornar uma cidade inteligente, que une serviços públicos, trânsito e segurança.
Neste sentido, a Prefeitura Municipal afirma que tem realizado ações buscando eficiência e transparência. “Criamos o sistema de biometria nas escolas, implantamos wi-fi nos ônibus municipais, entre outras ações pontuais.” Os ônibus e as redes wireless espalhadas pela cidade são reflexos do crescente uso de smartphones. Ainda segundo a Prefeitura, existem quinze pontos de acesso wi-fi gratuitos espalhados pela cidade, sendo que doze deles estão na Zona Noroeste. O estudante de Design Gráfico e morador desta região, Matheus de Paula, 23 anos, diz que já utilizou uma das redes disponíveis na Zona Noroeste e considerou a qualidade de lenta a moderada. Outras pessoas também moradoras do local nem sequer sabiam da existência dessas redes. É o caso da também estudante de Design Gráfico, Jackeline Pereira, 22 anos e da Tecnóloga em Estética, Cristina Lisboa, 33 anos. A Prefeitura ainda afirma que vem trabalhando diretamente com a inclusão e incentivo ao empreendedorismo, principalmente em relação a economia criativa, segmento que, segundo ela, tem grande potencial de geração de empregos e desenvolvimento econômico, além de tecnológico e social.
Com os aplicativos para smartphones a cidade tem se mostrado aberta para a inclusão de serviços públicos neste meio. Aplicativos como Colab.re (uma rede colaborativa onde a população participa denunciando e apontando problemas da cidade), Televida (um sistema de suporte ao idoso a partir dos 60 anos), Bike Santos, Ouvidoria Digital, Cidade Aberta, Digita Santos entre outros, trazem para a população mais facilidade para o uso dos serviços públicos. O vereador Kenny Mendes tem a tecnologia como aliada em seu trabalho. Ele conta que suas redes sociais sempre estão cheias de comentários dos munícipes e que não dá conta de responder a todos. “Minhas páginas já ultrapassaram o limite de pessoas e eu sempre sou marcado em milhares de coisas.” Para suprir a demanda dos seus seguidores criou o Seu mandato, um aplicativo no qual o munícipe tira a foto com seu smartphone, faz a denúncia, e ele recebe em seu gabinete. O vereador ainda tem dois projetos em andamento, um deles é uma espécie de prontuário eletrônico onde todas as policlínicas, prontos socorros e UPA’s estariam conectadas, compartilhando informações dos prontuários dos munícipes. Outro é o agendamento de consultas médicas também através de um aplicativo.
O professor de Tecnologia da Informação da ESAMC Santos, Allan Degásperi, comenta que as políticas da cidade neste sentido são boas e que se relacionam com a qualidade de vida da população. Completa dizendo que a conectividade sempre foi uma necessidade humana. “A diferença é que hoje a gente usa ferramentas diferentes para criar essa conexão. A tecnologia é uma ferramenta que vem para agregar e não substituir.”





Edificações de Artacho Jurado nos bairros da Ponta da Praia e Boqueirão. Pincoteca Benedito Calixto abriga exposições de arte moderna em constraste com o clássico.









Santos é uma cidade que respira esporte. Um município reconhecido por revelar talentos. É o que afirma o radialista Paulo Alberto. “Eu sempre disse que a nossa cidade é abençoada por Deus. O raio aqui em Santos sempre cai, cada metro quadrado dessa cidade é abençoado. Em qualquer modalidade, sempre temos ou tivemos um Pelé.” A cidade também é pioneira no Surfe, as pranchas começaram a deslizar pelos mares santistas por volta de 1937. Conversamos com Cisco Araña, um dos principais nomes do surfe no Brasil e que hoje é professor. Em sua opinião, esse esporte é de extrema importância não somente em Santos, mas também no país e que temos uma base histórica forte para sermos uma ‘Surf City’. Depois de uma carreira consolidada, Cisco teve a ideia de criar a escola de surfe. “Aconteceu nos anos 90 após a realização de um projeto meu no Emissário Submarino, onde se ressaltou os esportes tidos como marginais. A Secretaria, após este evento que se chamou Cidade Radical, pediu para que fosse elaborado uma escola de esportes radicais. Me pediram para elaborará-la no posto 2 que teve início em 23 de junho de 1993 e não paramos mais”, conclui.
Santos também é a cidade do tamboréu, modalidade trazida em 1937 por dois irmãos italianos e hoje muitos consideram como um esporte genuinamente santista. Para Cristiano Troisi, gerente na área esportiva, seu contato com o esporte foi uma paixão à primeira vista. “Final de semana para mim não tem preço, acordar cedo, ter contato com o mar, a natureza e a praia, isso me seduz. O tamboréu jogado na praia de manhã cedinho me fascina muito.” Só que Santos começa a abrigar outras modalidades, como o futebol americano. A cidade tem hoje um time feminino, o Buzzards Girls, no qual jogam Patrícia Apóstolo e Nathália Alves, estudantes da ESAMC Santos, que além de quebrar preconceitos, se mostram otimistas com o futuro. “Antigamente, quando falávamos de futebol americano, as pessoas nem sabiam se existia. Hoje em dia todos já sabem que é um esporte, mesmo não entendendo todas as regras. Mas as pessoas já demonstram interesse, isso já é um avanço e tanto.”, conclui Nathália, que joga como corredora o ‘Flag Football’, uma categoria do futebol americano.
Entretanto, quando o assunto é um campo, uma bola e um par de chuteiras, nossa fama é mundial. O Santos Futebol Clube conhecido por parar uma guerra teve, segundo José Macia, o Pepe, um extraterrestre: Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé. O clube até hoje é o principal celeiro de craques, tendo revelado recentemente jogadores como Robinho e Neymar. Sua vizinha, a Portuguesa Santista, a ‘Briosa’ em 2017 completou 100 anos e para o jornalista Walter Dias é um time que lutou contra muita bravura fora do Brasil quando conquistou a Fita Azul no continente africano na década de 50, além da coragem ao enfrentar o Apartheid. Também no Jabaquara há o mais tradicional representante esportivo da colônia espanhola em todo Brasil. Na Zona Noroeste da Cidade é uma referência esportiva e social, com atividades voltadas para as crianças, como escolinha de futebol, futsal, academia de boxe, além do futebol.