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MERCADO PROMISSOR

O aumento do número de animais de estimação na Baixada Santista é difícil de ser ignorado, já que o crescimento de estabelecimentos para atendê-los é visível nas cidades da região. Segundo dados divulgados pelo jornal A Tribuna Online, ao longo do ano de 2013, só na cidade de Santos, 20 pet shops foram abertos. Dois anos após esta pesquisa o número total de pet shops na cidade era de 117. O crescimento do setor de mercado pet no país é explicado pela mudança de comportamento dos donos de animais, que mantêm relações de pai e filho com seus bichinhos. Em 2015 a Prefeitura Municipal de Santos divulgou que existem 86 mil cachorros (1 cachorro a cada 5 habitantes), e 61.428 mil gatos (1 gato a cada 7 habitantes) na cidade. Segundo o Instituto Pet Brasil existem cerca de 106,2 milhões de animais de estimação em todo o território nacional.

Após presenciar um encontro de cães em Campos do Jordão, o Diretor Presidente da TV Tribuna, Roberto Clemente Santini, percebeu que a grande quantidade de cães em Santos e região era uma possibilidade de nicho a ser trabalhado. Rosangela da Silva Barreiro, Gerente de Marketing e Inteligência de Mercado do Grupo Tribuna, explica que desta ideia surgiu a Cãominhada, um evento com o objetivo de promover o encontro e passeio de cães com seus donos. Para a primeira edição, em 2007, havia uma estimativa de receber 1.500 pessoas e com o sucesso do evento os números alcançaram 20 mil pessoas em 2017.

As 4 horas de evento contam com diversas atividades que promovem a interação entre os cães e os donos. A Cãominhada aproveita a sua força de comunicação para ajudar ONG’s que trabalham com animais.

Em 2015 A Tribuna Online realizou um levantamento de dados sobre animais à espera de um lar na Baixada Santista, revelando que existiam, pelo menos, 700 animais abandonados. Segundo a médica veterinária e coordenadora técnica do Canil Municipal do Guarujá, Juliana Martins Ferreira, o número de animais abandonados vêm crescendo nos últimos anos, mas também há um aumento de pessoas interessadas na adoção, principalmente em animais sem raça definida. Em seu pet shop, Happy Pet, a veterinária também promove a adoção de animais, em especial os que possuem alguma deficiência. No momento existem 60 animais abrigados no local, gerando uma despesa de cerca de R$ 4 mil. Além de condições financeiras, é necessário muito amor para adotar qualquer animal, postura defendida por Juliana ao falar sobre seus critérios de avaliação do adotante.

MEDICINA ESPECIALIZADA EM ANIMAIS

A  medicina veterinária é a ciência médica que se dedica à prevenção, controle, tratamento de doenças e outros agravos à saúde, sendo apresentada como a arte da cura dos animais. Ela busca promover ao animal uma saúde por meio de estudos e diagnósticos, com o objetivo de sempre manter seu bem-estar. A fundação da primeira escola de medicina veterinária foi em 04 de agosto de 1961 pelo frânces Claude Bougerlat, na Europa. No Brasil, somente no século XX que o regime republicano decretou a criação das duas primeiras instituições de ensino da área: a Escola de Medicina Veterinária do exército e a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, ambas situadas no Rio de Janeiro.

Animais de companhia recebem normalmente um cuidado médico avançado. Tudo depende da disponibilidade da tecnologia e também do domínio do procedimento por parte do médico veterinário, uma vez que hoje em dia a medicina veterinária está subdividida em diversas especialidades  e muitos veterinários não são mais apenas clínicos gerais. A medicina veterinária tradicional precisa da ajuda das terapias complementares para fornecer o necessário da acordo com o tratamento.

Dr. Fernanda Martins De Maria, clínica geral de cães e gatos na Baixada, especialista em acupuntura e em animais silvestres e exóticos, atua no mercado há 17 anos e esclarece que dentro do mercado atual são comercializados não somente cães e gatos, como também animais silvestres nativos e exóticos. Cada espécie tem um comportamento e exige diferentes cuidados. 

Para ela deve haver uma preocupação em cuidar do bem-estar dele, saber se ele se adequa à sua rotina de vida e se há  espaço e estrutura suficientes para que sejam respeitadas as peculiaridades de cada espécie e seu convívio. Ela diz que o trabalho em domicílio aproxima o doutor do tutor, podendo administrar o tratamento de acordo com a necessidade do animal. Desta forma, atua ajudando de toda forma possível, fornecendo além do tratamento adequado - medicacional, alimentar, manejamento, higiênico - uma orientação e conscientização. Fernanda finaliza destacando que sempre é necessário pensar antes de adquirir um animal, afinal ele é uma vida, e seu bem-estar é o mais importante.

O ANIMAL COMO SER INDEPENDENTE 

Autonomia é ação do indivíduo racional de agir sem submissão de outros, mas por suas próprias informações disponíveis. No cotidiano animal não é diferente, cada um tem características e instintos únicos que os fazem independentes mesmo domesticados ou adestrados. A domesticação animal faz parte da rotina humana desde a pré-história, uma vez que os animais já tinham uma grande participação para o desenvolvimento da civilização. Até hoje algumas espécies ainda contribuem com atividades que facilitam o trabalho do homem, porém de forma não corriqueira como antes, além do que, atualmente temos leis constitucionais a favor do bem-estar animal e outros projetos que dão suporte para este bem acontecer.

Segundo o Especialista em Comportamento e Adestramento Canino, Eduardo Soares, em relação ao estado comportamental dos cães, é utilizado a janela de socialização, que seria o período mais importante da vida de um animal. "Funciona como uma caixa de ferramentas que permanece aberta e as informações que o animal for obtendo são as ferramentas que compõem a caixa. Essas informações devem vir de forma satisfatória para não causar nenhum tipo de trauma ou desconforto. Durante este período o animal está receptivo a qualquer situação e são essas informações que serão o caminho para suas ações", complementa. Além disso, o excesso de carinho e outros artifícios dados ao animal de forma exagerada pode vir a prejudicar seu desenvolvimento, ou seja, em situações de risco o animal pode vir a não saber como agir por se sentir dependente de um outro ser e apresentar certo tipo de ameaça para si ou para as outras pessoas. Eduardo fala ainda sobre a importância de que todo ser vivo deve passar por um estresse agudo - que seria um susto, que acontece e acaba no mesmo momento. Deve-se vivenciar o momento e entender se deve voltar a fazer aquilo ou não de acordo com as sensações ao viver a ação. "Para aprender, deve-se passar por isso" ressalta.

Quando se fala sobre a relação do animal com o ser humano fica evidente a grande influência que ambos podem causar, principalmente no uso dessa relação como forma de terapia. Grande exemplo disso é a Equoterapia, método terapêutico no qual se utiliza o cavalo como meio principal para esse processo, tendo como maior demanda portadores de necessidades especiais. A equipe mínima é composta por psicólogo, fisioterapeuta, equitador e ortopedista. Vivian Lopes, idealizadora do projeto Associação Equoviver, em Santos, explica que o adestramento do cavalo se inicia na aceitação de ser conduzido em solo e interagir em atividades que sem o adestramento o animal não estaria apto para contatos tão próximos. “Alguns pensam que cavalos não tão saudáveis são mandados para equoterapia, mas não. Os cavalos devem ser saudáveis tanto quanto os outros, pois se trata de uma terapia, então, tudo irá influenciar no processo físico e psicológico para o participante” explica. O cavalo é o único animal capaz de fazer movimentos tridimensionais, sendo eles: para cima e para baixo, para frente e para trás e de um lado para o outro, em conjunto com uma série de exercícios que terão influência principalmente na postura, coordenação e respiração e entre outros benefícios para a saúde do participante.

Em sentido horário: 1. Ana Lígia e Junior; 2. Paula Fernanda, Laura e Fred; 3. Larissa Salgado e Blush; 4. Beatriz Munchon e Talita.

RELAÇÃO DE AMOR ETERNO 

Antes vistos como protetores da casa, os bichos de estimação hoje, são considerados como membros da família em uma  relação muito mais próxima e afetiva.

Atualmente os pets vão além de cães e gatos. Há quem goste de animais que fogem do padrão. Beatriz Muchon é um exemplo. Estudante de medicina veterinária, possui um sagui chamado Talita, que inicialmente não iria ficar em sua casa, mas devido ao apego de ambos os lados foi adotada, suprindo a vontade do filho de ter uma irmã. Segundo Beatriz, a maior demonstração de amor por animais é poder cuidar e fazer alguma coisa por eles, pois não são capazes de falar, precisamos decifrá-los. Afirma também que foi algo que a ajudou em seu convívio diário com as pessoas.

Larissa Salgado, Professora e Diretora de Marketing da Esamc Santos, possui a calopsita Blush. Diz que ter um animal que foge do padrão não é muito diferente de ter um cachorro ou um gato em casa.

“O Blush tem suas particularidades, ele não é um cachorro. Embora às vezes eu ache que ele tem certeza disso. Mas ele entende o que acontece à sua volta, ele percebe, sabe? Ele é, de fato, apaixonante”, explica.

Os pets sempre trazem uma lição para seus donos. Paula Moura conta que foi algo desafiador, pois quem sempre cuidou de seus animais foram seus pais. Depois que ela passou a ser a responsável por eles sua vida se tornou mais centrada e responsável.

A aproximação com seus animais pode fazer com que os indivíduos conscientizem as pessoas para adotarem um pet, não os deixarem abandonados na rua. Ana Ligia é um exemplo disto. Além de ressaltar a importância, ela também aplica na prática, tendo em sua casa três gatos e três cachorros. Ressalta que a adoção é importante para não compactuar com a venda e criação irregular de animais. “Todos os animais merecem um viver digno. Eu faço a minha parte. Não posso ajudar à todos, mas faço o possível.” Esse convívio diário com seus animais tornam as pessoas mais responsáveis, afetivas e apegadas aos seus bichinhos.

PERFIL: TUCA LEITE

O resgate de animais e encaminhamento para um lar se tornou a bandeira da ONG Piuí. Liderada por Tuca Leite, a entidade que busca o bem estar e proteção animal na cidade do Guarujá já auxiliou mais de 500 animais abandonados à própria sorte, muitos vítimas de maus tratos. Ela conta à Tiê os desafios da Comunidade de Bem-Estar e Proteção Animal Piuí.

TIÊ: Quantos animais são abrigados na ONG? E quantos já foram beneficiados através dela?

Tuca Leite: Não abrigamos animais. Quando conseguimos, resgatamos e providenciamos adoção. Em 2017 realizamos 207 castrações. Desde da criação da comunidade mais de 500 animais cães e gatos foram beneficiados através de castração, adoções, comedouro comunitário e o programa de veterinários solidários que atendem a baixo custo animais atendidos pela comunidade.

T: Geralmente, quais condições físicas os animais apresentam ao chegar no local? É difícil o convívio entre alguns deles?

TL: Os animais ao ser atendidos pela comunidade chegam com bicheiras, com doença de carrapato, atropelados, envenenados, espancados, em estado de amputar membros como foi o Caso do nosso Gato símbolo Piuí. Este foi atropelado pelo trem e jogado na caçamba. Ele foi resgatado, tratado pela Dra Juliana Ferreira e adotado por mim.

T: A ONG já ficou impossibilitada de resgatar e receber algum animal, por dificuldade financeira, ou algum outro problema?

TL: A ONG fica constantemente impossibilitada de resgatar animais pois não possui um local que sirva de lar temporário. Geralmente resgatamos, damos tratamento e já realizamos a campanha de adoção. Nosso número de atendimento não é maior devido a falta de apoio financeiro. A verba financeira hoje da comunidade é conseguida através de eventos que realizamos como jantares, festa junina, fashion dog, bloco carnavalesco, nos quais vendemos os convites e o valor é utilizado para pagamento de atendimento veterinário e compra de ração.

T: Quais as dificuldades para manter a ONG em ordem?

TL: Primeiro financeira, depois falta de local fixo para a criação de lar temporário, e por fim falta de ração

T: Quantos voluntários atuam, incluindo os profissionais, como médicos veterinários e faxineiros?

TL: Temos cerca de 50 voluntários incluindo pessoas físicas e veterinários.

T: O que os interessados devem fazer para se tornarem voluntários?

TL:  Devem amar animais. Possuir tempo para disponibilizar para campanhas, projetos, feiras.

T: As redes sociais beneficiam o trabalho da ONG? Há trabalhos feitos através delas, como rifas, por exemplo?

TL: O trabalho feito nas redes sociais é de divulgação dos trabalhos e eventos realizados, campanhas de arrecadação de ração e de doação de animais.

T: Qual o procedimento escolhido pela ONG para efetuar adoções? Existem critérios básicos a ser seguidos pelos possíveis adotantes?

TL: Principal amar animal, ter tempo para dar carinho a ele. Também é importante ter condições financeiras de manter alimentação, castração e atendimento veterinário.

Os interessados na posse responsável de animais encontram outras informações sobre a entidade no perfil "Comunidade do Gato Piuí" no Facebook. 

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